sábado, 17 de julho de 2010

Dom Fernando Saburido visita a cidade de Palmares

Em solidariedade às vítimas das chuvas e à Diocese de Palmares, o Arcebispo de Olinda e Recife Dom Fernando Saburido visitou, nesta segunda-feira (05), cidade de Palmares, uma das mais atingidas no Estado. Dom Fernando foi recebido pelo Bispo de Palmares Dom Genival Saraiva de França e juntos percorreram os pontos mais afetados do município. Das 18 cidades que compõem a diocese, 16 sofreram algum dano.

A situação é desoladora. Mesmo 15 dias após as enchentes, o centro de Palmares continua coberto de lama. As pessoas passam o dia limpando casas e lojas. Muitas usam máscaras devido ao mau-cheiro, que exala da lama misturada ao lixo. "Foi uma visita muito necessária porque uma coisa é você escutar. Outra, é presenciar a realidade. Eu saio daqui convencido do drama que está vivendo essa comunidade", afirmou Dom Fernando Saburido.

O Bispo da Diocese de Palmares, Dom Genival, estava em Roma quando ocorreram as enchentes. Ele antecipou a volta e se deparou com o caos. "A cidade estava às escuras e coberta de lama. Parecia uma cidade fantasma." E acrescentou: "Ao chegar aqui não encontrei mais a enchente, mas o retrato dela. Esse quadro é para nós altamente entristecedor. Estamos preocupados com o enfrentamento do drama do presente e, sobretudo a preocupação pelo amanhã, que é muito difícil para essa gente", declarou.

Um dos lugares visitados foi o Centro de Treinamento João XXIII. Os padres e seminaristas ajudam na limpeza do local. As águas chegaram ao primeiro andar do imóvel e pouca coisa restou. Foram destruídos mais de 50 colchões e vários eletrodomésticos. Uma cadeira plástica foi e muito lixo foram parar no telhado. A Catedral Nossa Senhora da Conceição dos Montes e a Cúria Diocesana, localizadas no centro da cidade, também não escaparam da fúria das águas. Documentos, móveis e salas se tornaram um mar de lama e entulhos.

A psicóloga Séfora Diniz, contou que no seu consultório a água atingiu a altura de 1,5m. Ela perdeu alguns objetos, porém se considera privilegiada em relação aos demais. "Olhando a cidade a gente sente tristeza e ver que o que a gente perdeu foi o mínimo. Agora nos resta recomeçar."

Em meio a tanta destruição, a esperança brilha nos olhos das crianças que vagam pelas ruas à procura de alimento ou de algum objeto que possa ser reaproveitado. Uma cena chama atenção: dois meninos se alegram ao encontrar um brinquedo perdido no meio da lama. No Colégio Nossa Senhora de Lourdes, um dos locais que recebem donativos, uma menina quase imperceptível em meio a tantas doações, faz um pedido que parece, a princípio, inusitado. Ela quer uma boneca. E com a boneca o direito de sonhar.

As doações enchem a quadra do colégio. A instituição, mantida pelas Irmãs da Congregação Franciscana de Nossa Senhora do Bom Conselho, continua sendo o local de refúgio dos desabrigados. Foi necessário derrubar parte do muro e colocar uma grande escada em direção às residências para resgatar os moradores da rua que fica ao lado. Até mesmo o vice-prefeito e sua família precisaram ser salvos dessa forma, contou uma das freiras. A catástrofe não escolheu as vítimas. Atingiu a todos sem distinção. "Realmente é uma situação muito séria, que envolveu não apenas pessoas carentes, mas também as de classe média e com melhores condições financeiras", relatou Dom Fernando Saburido.

Segundo a Irmã Geovana, que trabalha como voluntária montando kits e cestas básicas para a serem distribuídas, ainda falta alguns itens. "Em relação à doação, falta mais leite, café, sardinha, soja e alimentos em conserva. Roupa nós temos muitas, mas precisamos de colchões, toalhas e materiais de limpeza", ressaltou. De acordo com Dom Genival há uma comoção diante desse drama, mas é preciso continuar contribuindo com donativos "A sociedade civil e os poderes públicos fazem um trabalho em conjunto, porém a situação revela que a extensão do problema ainda demandará um comprometimento muito grande de nossa parte e por muito tempo", destacou.

Doação - As contribuições devem continuar a ser feitas. Além dos locais centrais de coleta, que são o Comando Geral da Polícia Militar, no Derby, e o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, na Avenida João de Barros, as pessoas podem entregar seus donativos nas paróquias da Arquidiocese de Olinda e Recife ou diretamente na Cúria Metropolitana, no bairro das Graças. Para quem quer contribuir financeiramente, uma das opções é doar através da Cáritas Brasileira pelo site www.caritas.org.br.

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