sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Perfil da violência contra a juventude no Brasil e na América Latina


De acordo com o Mapa da Violência , apresentado em 2008, os jovens latino-americanos são os que mais sofrem com a violência. O Brasil e a Colômbia são os grandes focos. Comparado com os países da Europa, o índice de violência entre toda a população é 16 vezes maior. 

Relacionando os dados entre os jovens, esta estatística sobe 31 vezes. O perfil da violência juvenil apresentada pelos meios de comunicação sempre foca na vítima que morre por assassinato e, este sendo referido como um “mau elemento”, que devia  mesmo morrer e que já fora tarde. 

Há poucos espaços de discussão que envolvem a sociedade civil e outras organizações num debate sobre a realidade e os desafios de “ser jovem” nos dias atuais. Os poucos espaços existentes não trazem os jovens como sujeitos de direitos e deveres, mas como culpados, como alvo de punição. 

Recentemente, uma pesquisa realizada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) em parceria com o Observatório de Favelas, apresentou uma estimativa da quantidade de adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos que poderão ser mortos no período de 2006 a 2012. 

O número é alarmante: cerca de 33.503 (trinta e três mil quinhentos e três). O homicídio é a causa de cerca 46% das mortes de adolescentes e jovens. Outro dado importante e que exige novos estudos e uma atenção especial é a migração da violência para cidades de médio porte. 

Há anos atrás eram as capitais brasileiras os focos dos altos índices de homicídios, como Rio de Janeiro e São Paulo, recorrrentes campeãs em números de homicídios juvenis. Hoje, se considerarmos a proporcionalidade referente ao número de habitantes do lugar, as cidades mais violentas estão no interior dos estados. 

Um dado relevante que devemos destacar é que a maioria dos jovens mortos é negra. A probabilidade de um jovem negro ser assassinado é 2,6 vezes maior do que um jovem branco, o que confirma o racismo como eixo estruturador das relações de poder na sociedade brasileira, bem como confirma a dimensão de gênero pela qual é do sexo masculino a maioria do número de mortes violentas no país. Segundo a mesma pesquisa, realizada pela UERJ, a probabilidade da morte violenta na juventude é 12 vezes maior entre jovens do sexo masculino, ou seja, os jovens que morrem têm cor, sexo e endereço. 

É preciso, de uma vez por todas, pensar em ações que gerem oportunidades aos jovens, especialmente aos negros e mais pobres e excluídos da nossa sociedade. 

Por Edgar Mansur



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